O SUS, o ISAGS e a Cooperação Internacional

José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde, professor da Escola Nacional de Saúde Pública e Diretor Executivo do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (Isags), fala em entrevista a Alberto Pellegrini Filho, sobre os desafios do SUS relacionados às iniquidades de acesso e qualidade dos serviços.

Temporão ressalta que a área da Saúde no Brasil vive um momento de transição. “De um lado, se olharmos as últimas estatística do IBGE e PNAD, vemos que houve avanços significativos. Avanços no aumento da expectativa de vida, redução da mortalidade infantil, ampliação do acesso em relação à atenção primária, exames e internações.

Por outro lado persistem iniquidades não só do ponto de vista regional, mas também entre classes sociais. Há um fenômeno de ampliação gradual da presença do setor privado no mercado”, disse ele. “Temos aumento da nova classe média, dos 30 milhões de brasileiros que ascenderam das classes D e E para a classe C. Além desta nova classe média querer um carro, uma casa, quer também ter um plano de saúde. É como se do ponto de vista do imaginário da população, se colocasse o sistema público como um sistema de baixa qualidade e com problemas, e o que é particular como algo melhor. Do meu ponto de vista, por trás disso tudo, está a asfixia econômica financeira do SUS”, disse ele.

Com relação à ação sobre os Determinantes Sociais da Saúde para a diminuição das iniquidades, José Gomes Temporão lembrou a importância dos Programas de Saúde da Família e outros, ressaltando que embora o SUS não funcione de forma totalmente harmônica, existem políticas muito importantes e de sucesso. “Apesar de necessitar melhor articulação com outras políticas sociais, o SUS apresenta um grande potencial para atuação sobre os DSS e muitas experiências comprovam isso”, lembrou.

Citando o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde (ISAGS), do qual é diretor executivo, Temporão ressaltou o papel atual do Brasil no cenário internacional, frizando seu papel como sede do Instituto e da Conferência Mundial Sobre Determinantes Sociais da Saúde, e em atividades de cooperação, como na reconstrução do Sistema de Saúde do Haiti. “Eu entendo que esse novo instrumento, o ISAGS, expressa a presença do Brasil na cooperação internacional, na saúde global e na diplomacia. O ISAGS surge por uma iniciativa brasileira”, completou Temporão.

A Fiocruz veio ajudar a construir e conceber este instituto e a ideia é que ele funcione como uma entidade de gestão do conhecimento, colocando as melhores evidências à disposição dos Ministérios da Saúde.

Referência Bibliográfica

Bate Papo na Saúde com José Gomes Temporão – Determinantes Sociais da Saúde [vídeo]. [acesso em 29 ago 2011]. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vI8fGb7xlqI

 

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