Em 2008, a publicação do relatório final da Comissão Global da OMS sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) estabeleceu o perfil dos DSS e destacou a importância de abordar as condições da vida cotidiana que levam a desigualdades na saúde. Os determinantes sociais da saúde têm sido descritos como ‘as causas das causas’. São as condições sociais, econômicas e ambientais que influenciam a saúde dos indivíduos e populações, e que repercutem em seu bem-estar como um todo.
Segundo o relatório, a estratificação social, por exemplo, determina o acesso e uso diferenciado de cuidados em saúde, condição que gera consequências (desiguais) para a promoção de saúde e bem-estar. A garantia de fornecimento de bens e serviços vitais à saúde, tais como provisão de água de qualidade, rede de esgoto, e condições adequadas de trabalho, bem como o controle da oferta de tabaco e álcool, também interferem no bem-estar.
Atualmente há um grande interesse acadêmico sobre o conceito de bem-estar, porém existem muitas controvérsias conceituais, inclusive em relação aos instrumentos de medida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (1997) o bem-estar está relacionado à percepção de um indivíduo sobre a sua posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito amplo que afetada de uma forma complexa a saúde física e o estado psicológico da pessoa, suas crenças pessoais, os relacionamentos sociais e tem uma forte relação com o ambiente.
De acordo com artigo publicado no International Journal of Wellbeing, para que alguém alcance uma condição de bem-estar é preciso que possua recursos psicológicos, sociais e físicos para enfrentar um desafio psicológico, social e/ou físico em particular. Na verdade, é como estar em uma gangorra em busca constante por equilíbrio, numa espécie de dinâmica onde o movimento envolve recursos e desafios. Deste modo, é possível simplificar dizendo que os níveis de bem-estar pioram, principalmente, quando os indivíduos têm mais desafios do que os recursos.
Em termos dos determinantes sociais do bem-estar e da saúde, é vital que esse equilíbrio seja mantido, não só através da inclusão social, mas também pela exposição do indivíduo a condições sociais menos desiguais, onde possa dispor de recursos, inclusive políticos (além dos materiais e psicossociais) a fim de construir e manter uma base de apoio sólida que sustente essa condição dinâmica de busca pelo bem-estar.
Com a finalidade de mostrar algumas das diferentes faces do ‘bem-estar’ e sua relação com os DSS, iniciaremos hoje a apresentação em nosso observatório de uma série de notícias sobre o tema. Serão abordadas questões relativas ao conceito bem-estar e as políticas sociais, além de pesquisas sobre a influência das normas de convivência sobre o bem-estar, e sobre como a solidão interfere no bem-estar.
Referências Bibliográficas
CDSS-Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde. Redução das desigualdades no período de uma geração, Igualdade na saúde através da acção sobre os seus determinates sociais. Relatório Final da Comissão para os Determinantes Sociais da Saúde. Portugal: Organização Mundial de Saúde; 2010.
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World Health Organization. WHOQOL Measuring Quality of Life. Geneva: World Health Organization; 1997.
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