A pandemia da Covid-19 trouxe, para o cenário nacional e internacional, a temática dos determinantes sociais da saúde e das desigualdades sociais e seu impacto na saúde da população e nas possibilidades de proteção e recuperação.
O debate nacional coloca em pauta desde os impactos dos efeitos nocivos de modelos de desenvolvimento econômico sobre a biodiversidade de ecossistemas até as novas dinâmicas territoriais derivadas da globalização econômica e das tecnologias da informação na produção de saúde e de doença no Brasil e no mundo.
As situações diferem, dependendo do lugar onde ocorrem e/ou da posição do indivíduo na hierarquia social.
De toda forma, configuram graves injustiças quando decorrentes de padrões não inclusivos de políticas públicas, que não incorporam parcelas da população ao acesso aos bens, serviços e tecnologias disponíveis.
A pandemia evidenciou, por exemplo:
- o despreparo dos governos e das sociedades no mundo para lidar com eventos epidemiológicos catastróficos antecipados pela ciência para o século 21;
- a concentração da produção de equipamentos e insumos para o combate a estes agravos em poucos países do mundo, com consequências para a organização de respostas locais e proteção dos profissionais do cuidado; e,
- as grandes lacunas na provisão de infraestrutura básica para assegurar condições sanitárias e sociais essenciais ao combate ao coronavirus
Ao expor de uma forma muito clara as relações entre desenvolvimento, determinantes sociais da saúde e equidade nos processos saúde-doença do século 21, o acompanhamento da pandemia em seus limites, possibilidades e desafios contribui para a identificação de intervenções públicas e ações sociais capazes de reduzir o seu elemento surpresa e ampliar a capacidade de resposta a novas emergências sanitárias.
Observatório Covid-19 Fiocruz
O Observatório Covid-19 Fiocruz tem como função produzir informações para ação.
Seu objetivo geral é o desenvolvimento de análises integradas, tecnologias, propostas e soluções para enfrentamento da pandemia por Covid-19 pelo SUS e pela sociedade brasileira.
O observatório está estruturado de modo colaborativo, permitindo que as iniciativas e os trabalhos já desenvolvidos nos diversos laboratórios, grupos de pesquisas e setores da Fiocruz, no âmbito de suas competências e expertises, desenvolvam suas atividades de forma ágil, em redes de cooperações internas e externas, para a produção e divulgação de materiais para o enfrentamento da pandemia.
Sua dinâmica de trabalho envolve a produção de informações, dashboards, análises, desenvolvimento de tecnologias e propostas.
Encontra-se inicialmente organizado em quatro grandes eixos, sendo estes:
- Cenários Epidemiológicos;
- Medidas de Controle e Organização dos Serviços e Sistemas de Saúde;
- Qualidade do Cuidado, Segurança do Paciente e Saúde do Trabalhador;
- Impactos Sociais da Pandemia.