Seminário apontou desigualdades sociais da América Latina

A sede do Ipea, em Brasília, recebeu nesta terça-feira, 20, a diretora da Divisão de Desenvolvimento Social da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Laís Abramo, que debateu os resultados do mais novo documento informativo da entidade: o Panorama Social 2016. Com participação de Carlos Mussi, diretor de Escritório do Cepal em Brasília, e Lenita Maria Turchi, diretora de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, o seminário discutiu os principais desafios para o desenvolvimento latino-americano.

O relatório anual, que é produzido com o apoio das Nações Unidas há 25 anos, conta com cinco capítulos que foram expostos no evento a partir do tema central da desigualdade, mostrando resultados e possíveis caminhos a serem seguidos para o desenvolvimento social. Pela primeira vez, a pesquisa da Cepal incluiu questões de etnia em capítulo próprio, um ponto que foi destacado devido à importância de se documentar barreiras enfrentadas pela população afrodescendente, como ressaltou Laís Abramo: “Visibilizar a desigualdade ajuda no combate a ela. Esse é um dos passos para universalizar a saúde, educação e proteção social, com ações afirmativas para romper barreiras de acesso a serviços e direitos”.

O Panorama documentou uma matriz de desigualdades que envolveram nível socioeconômico, gênero e etnia, por exemplo. As conclusões evidenciaram fatos como a exclusão de negros e mulheres do mercado de trabalho, a marginalização da população que não completa o ensino médio e a desmitificação de sensos comuns, como o de que pobres não possuem ascensão social porque não trabalham. Dados apresentados por Abramo mostram que o serviço das classes de baixa renda não permite o mesmo crescimento econômico que o trabalho de outras classes sociais, elucidando as diferenças entre cada oportunidade trabalhista.

Entre as questões de gênero, o relatório alerta: “Grande parte do que se produz e do que sustenta a vida das pessoas não é considerada nem contabilizada na economia tradicional. O uso do tempo e a distribuição do trabalho não remunerado nos domicílios são elementos essenciais para analisar a desigualdade de gênero”. O seminário mostrou aos participantes que uma em cada três mulheres da América Latina não tem renda própria, mas um terço do tempo delas é dedicado a trabalhos não remunerados, enquanto os homens só gastam 10% do tempo com essas atividades sem lucro.

Panorama Social da América Latina está disponível no endereço eletrônico da Cepal, com os capítulos que focam na desigualdade na América Latina, nos desafios para o financiamento das políticas, na matriz da desigualdade, na distribuição do tempo e, por fim, no olhar sobre as populações afrodescendentes.

Confira a apresentação do Panorama Social da América Latina

 

Fonte: Seminário apontou desigualdades sociais da América Latina. Brasília: Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; 2017 Jun 21. [acesso em 28 jun 2017]. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30358&catid=10&Itemid=9 

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