Covid-19 ameaça avanços históricos em cobertura de merenda escolar no mundo

Foto da home: Eduardo Aigner/MDA - Agência Senado

Relatório do Programa Mundial de Alimentos, PMA, revela que, antes da pandemia, metade das crianças em idade escolar, ou 388 milhões em todo o mundo, estava recebendo merenda no colégio; falando à ONU News, o representante do PMA no Brasil e diretor do Centro de Excelência contra a Fome, Daniel Balaban, destacou a importância desse apoio.

Antes da pandemia de Covid-19, metade das crianças em idade escolar, ou 388 milhões em todo o mundo, estava recebendo merenda no colégio, o maior número da história. A informação faz parte do relatório Estado Mundial das Merendas Escolares, publicado esta quarta-feira pelo Programa Mundial de Alimentos, PMA.  Falando à ONU News, o representante do PMA no Brasil e diretor do Centro de Excelência contra a Fome, Daniel Balaban, destacou a importância desse apoio.

Quais as grandes conclusões da pesquisa?

É importante dizer que a alimentação escolar, hoje, é uma das formas mais importantes de combate à desnutrição em vários países do mundo. Em 2020, os programas de alimentação escolar entregaram refeições a mais crianças do que em toda a história da humanidade. Ou seja, os países estão entendendo a importância da criação e manutenção destes programas. Uma em cada duas crianças em idade escolar, o que dá um total de 338 milhões de crianças, receberam alimentação escolar todos os dias em pelo menos 161 países do planeta. Entre 2013 e 2020, o número de crianças que recebeu alimentação escolar aumentou 9% no mundo. E 36% nos países mais pobres. Isso mostra a importância que os países mais pobres estão sentindo na criação desses programas nacionais. E o mais importante, 90% do custo dessa alimentação saiu de fontes domésticas. O que é que isso significa? Os países estão criando programas e estão colocando recursos do seu próprio orçamento para que esses programas sejam definitivos.

Logicamente, a pandemia do coronavírus interrompeu muito o acesso das crianças, porque elas tiveram que ficar em casa, não puderam ir para as escolas, então muitas crianças ficaram sem alimentação escolar.  Mas muitos países desenvolveram logísticas para fazer com que esses alimentos chegassem a essas famílias, chegassem a essas crianças. Isso mostra como que o Programa de Alimentação Escolar serve também como Programa de Proteção Social. E isso é uma prioridade para todos os países.

Como a pandemia afetou essa realidade?

No pico da crise, 199 países fecharam escolas. Praticamente todos os países do mundo. E 370 milhões de crianças ficaram sem acesso a essas refeições. Fazendo exatamente o que nos falamos, com o que os países tivessem que criar logísticas para entrega desses alimentos em seus lares. Hoje no mundo pós-pandemia o Programa de Alimentação Escolar deve ser priorizado. Eles ajudam os países a se recuperarem melhor, também economicamente e nutricionalmente, no combate a fome, a pobreza e à miséria nesses países. Programas eficientes apoiam os estudantes, porque, logicamente, estudante que está com fome não consegue entender o que é ministrado pelo professor em sala de aula. Isso cria uma população mais saudável, porque os alimentos distribuídos são nutricionalmente adequados. E o mais importante, cerca de 1.668 novos postos de trabalho são criados para cada 100 mil crianças alimentadas. Porque o programa de alimentação escolar, comprando os alimentos da agricultura familiar local, ele dinamiza essa agricultura, faz com que pessoas possam plantar alimentos, e que esses alimentos sejam ofertados em sala de aula para as crianças. Logicamente que tudo isso tem um impacto nas áreas de educação, de saúde, de nutrição, de proteção social e na área da agricultura local. Fazendo com que hoje nós calculemos que para cada um dólar investido no Programa de Alimentação Escolar haja um retorno econômico de nove dólares. Ou seja, aquele país que coloca seu orçamento um dólar, para alimentação escolar, ele recebe nove dólares através do multiplicador econômico. Porque o recurso fica no local e ele dinamiza a economia local através da compra dos pequenos agricultores familiares. Ou seja, é um círculo virtuoso que ajuda a todos e não somente as crianças com alimentação adequadas nas salas de aula. Eu diria também que o Brasil hoje, ele tem um dos maiores programas de alimentação escolar. O Brasil participou desse relatório com dados. E hoje já tem mais de 40 milhões de crianças em todo o país. Tem sido extremamente importante para manter essas crianças nutridas, mesmo durante a pandemia, através de alimentos que são enviados para as famílias quando as escolas estiverem fechadas. E agora quando as escolas começarem a ser reabertas, no pós-pandemia, também será muito importante para manutenção dessas crianças e a nutrição dessas crianças em sala de aula. Então o papel da alimentação escolar é extremamente importante, não somente em países mais vulneráveis, mas também em países desenvolvidos, para que nós possamos combater a miséria, combater a pobreza, combater a desnutrição. Hoje, o PMA tem uma meta de atendimento de mais de 73 milhões de crianças em mais de 60 países ao redor do mundo. O PMA acredita que os programas de alimentação escolar são uma forma de combate à pobreza, à miséria e principalmente de combate à fome no mundo. Através do Programa de Alimentação Escolar vamos atingir a ODS2, ao final do ano de 2030.

 

Por ONU News . 02/03/2021

 

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