Projeto do Museu da Vida, da Fiocruz, promove a reflexão de alunos e professores sobre Determinantes Sociais de suas comunidades

Desenhos de alunos das escolas municipais participantes do projeto (Manguinhos).
Desenhos de alunos das escolas municipais participantes do projeto (Manguinhos).

As condições de vida na região de Manguinhos remetem a um cenário de grande carência no que se refere à execução de serviços essenciais como a coleta de lixo, saneamento básico e segurança. O desejo de uma vida com mais saúde, segurança e melhores condições de moradia vem sendo exposto há cerca de quatro anos, por crianças e adolescentes que vivem na região e participam de um projeto do Museu da Vida, da Fiocruz. Iniciativas simples como atividades desenvolvidas em sala de aula ou em conjunto no museu através de diálogos, redações e charges, estão revelando a consciência que cerca de 2.500 alunos de escolas da rede pública no entorno da Fiocruz tem do cotidiano de suas comunidades. As necessidades, os sonhos, perspectivas e prioridades das melhorias que estas localidades merecem são o foco do projeto Tecendo Redes: por um planeta saudável em Manguinhos.

Implantado no ano de 2008, o Tecendo Redes promove visitas ao Museu, atividades Educativas de conscientização sobre a importância de preservarmos o mundo em que vivemos e palestras com pesquisadores e profissionais que falam sobre saúde, meio ambiente e o nosso papel diante das mudanças que desejamos promover.

A iniciativa é uma parceria com a Quarta Coordenadoria Regional de Educação e hoje conta com a participação de cinco escolas que estão em comunidades diferentes. A média de idade dos alunos participantes varia entre oito e quinze anos. O Tecendo Redes está sendo ampliado para que as escolas do Ensino Médio também passem a integrá-lo.

A primeira etapa do projeto consiste no preenchimento de uma ficha na qual os alunos fazem um diagnóstico sobre como estão seu bairro, seu planeta e dizem ainda o que pode mudar e o que estão fazendo juntamente com sua família para colaborar com melhorias. Em continuidade são desenvolvidas atividades de integração onde as crianças escrevem e desenham sobre os lugares onde vivem e os desejos que tem para suas comunidades. Após a visita ao Museu da Vida são abertos os diálogos e promovidas palestras onde cada um pode expor seu ponto de vista, inclusive os professores, que participam de encontros com pesquisadores e outros educadores. Oficinas de charges e encenações sobre prevenção e combate às doenças também fazem parte da programação.

“O objetivo do Tecendo Redes é o fortalecimento do processo de promoção da saúde no território compartilhado pelas instituições, trabalhadores e público. A perspectiva é a de que o trabalho colaborativo amplie as possibilidades das relações intra e interinstitucionais”, cita Maria Paula Bonatto, do Serviço de Educação em Ciências e Saúde do Museu da Vida, da Fiocruz. Entre as reivindicações dos alunos se destacam o desejo de um melhor cuidado com o lixo, a preocupação com a violência e com as enchentes.

Desenhos de alunos das escolas municipais participantes do projeto (Manguinhos).

A promoção do diálogo e a da participação foi a forma encontrada pelos idealizadores do projeto para incentivar a mudança. “Nosso objetivo é contribuir para processos sociais modificadores dos índices negativos dos Determinantes Sociais da Saúde”, afirmou Maria Paula Bonatto.Os alunos deixarão um legado para o futuro. Convidados a escrever cartas para as próximas gerações, deixam registradas mensagens destinadas àqueles que nos próximos anos vão passar pelo mesmo ciclo de aprendizado. As turmas que visitam o museu hoje também são convidadas a ler as mensagens que os alunos visitantes de outros anos deixaram, dando continuidade ao ciclo de construção de um diálogo em torno do bem estar das comunidades e de seus sonhos.

O Tecendo Redes também é matéria prima para a produção científica e deu origem a duas teses de doutorado, duas teses de mestrado e duas monografias de conclusão de curso. A partir da iniciativa vem sendo realizados cinco Seminários Pedagógicos anuais onde os professores apresentam os resultados de seus trabalhos nas escolas para a comunidade Fiocruz. Educadores atuantes no projeto integraram-se à Fiocruz através da participação em cursos de Especialização, além disso, foi formado um grupo de estudos para professores e pesquisadores que se reúne quinzenalmente para produzir reflexões , novas pesquisas e atividades.

Visando concretizar conhecimentos e ações intersetoriais, principalmente entre os setores saúde, educação e cultura, o projeto vem ampliando as relações institucionais, e entre alunos, professores e comunidades, desenvolvendo processos coletivos de construção do conhecimento que buscam contribuir para a transformação de uma realidade que requer mudanças.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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