(1) O inquérito “Nascer” e a situação dos partos no Brasil

A pesquisa Nascer no Brasil:no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, coordenada pela pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Maria do Carmo Leal e divulgada em 2014, é um importante estudo sobre a realidade das gestantes e puérperas no país. O estudo é o maior já realizado sobre o tema no Brasil. Aborda situações de extrema relevância que tem relação com o acolhimento, o atendimento prestado e a observação de fatores sociais que exercem interferência sobre gestantes e bebês. A Nascer, foi realizada nos anos de 2011 e 2012, estudando a situação de cerca de 23.940 mulheres, que foram ouvidas em maternidades que prestavam serviços mistos, públicos e privados. De acordo com o inquérito, 52% deste total de mulheres passou por cesarianas, sendo 46% no setor público.

Foram pesquisados 266 hospitais, que atenderam acima dos 500 partos por ano, em 191 municípios brasileiros.  No setor privado quase 90% dos bebês nasceram através de cesáreas. Para se ter uma ideia a Organização Mundial da Saúde determina que apenas 15% dos partos sejam cirúrgicos. O estudo foi realizado pela ENSP, em parceria com o Instituto Fernandes Figueira (IFF).

Já está disponível na internet uma página eletrônica com a metodologia utilizada pelo estudo, publicações sobre o tema e entrevistas: http://www6.ensp.fiocruz.br/nascerbrasil/

O estudo destaca que as cesarianas tornam maiores os riscos de morbidade respiratória, internação, ida à UTI e óbito materno. Outros riscos maiores com o parto cirúrgico são a ocorrência de hemorragia e infecção. O inquérito ressalta ainda que há um debate sobre os efeitos em longo prazo das cesáreas, sobre os bebês nascidos através delas. Os questionamentos são referentes à maior ocorrência de diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, hipertensão arterial, doença cardiovascular síndrome metabólica, asma e obesidade.

Das gestantes entrevistadas cerca de 70% manifestaram o desejo de terem parto normal, no entanto, o quadro revelado pelo estudo mostra uma enorme diferença entre a opinião das entrevistadas e as práticas de saúde. Sobre os nascimentos prematuros, ocorridos antes das 37 semanas de gestação, os registros apontam um número alto, 11,3%.

Entre as entrevistadas 45% disseram que a gestação era desejada, 9% se disseram insatisfeitas com a gravidez e 2,3% tentaram interromper a gestação. Apenas 73% das gestantes compareceu a seis ou mais consultas, 39% delas iniciaram o pré-natal apenas após a 12ª semana gestacional.

O portal DSS Brasil vai tratar da pesquisa em matérias a serem publicadas ao longo de uma série que vai abordar sistematicamente os apontamentos da pesquisa e situar a importância desses dados consolidados no inquérito e reveladores da realidade do atendimento, ainda distante do ideal, prestado às gestantes no país.

 

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