DSS no território local: a importância do mapeamento da tuberculose em Itaboraí

" Não é só a doença que o doente traz. Ele traz a sua história, suas relações sociais, econômicas, culturais, além do seu sofrimento e temos de estar preparados para compreender a realidade".
” Não é só a doença que o doente traz. Ele traz a sua história, suas relações sociais, econômicas, culturais, além do seu sofrimento e temos de estar preparados para compreender a realidade”.

Em entrevista concedida ao Portal DSS Brasil, Maria José Fernandes Pereira, da Coordenação de Tuberculose do Município de Itaboraí, fala sobre a Elaboração de metodologia para análise das iniquidades em saúde relacionadas às populações vulneráveis na área do município de Itaboraí, estudo do pesquisador Pedro Alves Filho, realizado através do Centro de Estudo Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (CEPI DSS/ENSP/Fiocruz). “O Comperj colocou os holofotes sobre a região e especificamente sobre Itaboraí. Nunca se experimentou algo de tamanha natureza”, disse ela. “Não é só a doença que o doente traz. Ele traz a sua história, suas relações sociais, econômicas, culturais, além do seu sofrimento e temos de estar preparados para compreender a realidade”, completou. Confira a entrevista.

1. Qual é a importância do estudo para Itaboraí?

O estudo é de fundamental importância para o nosso município, por possibilitar enxergar com outro olhar; o olhar acadêmico de forma sistematizada e aprofundada sobre a população e suas vulnerabilidades. Muitas das vezes nós, os profissionais que estamos operacionalizando as ações, necessitamos dar respostas imediatas para determinadas situações e temos dificuldade em entender o contexto do problema vivenciado pelo usuário de forma ampla. Seu problema de fato está relacionado com a sua vida no território e suas relações.

2. Como este tipo de iniciativa auxilia na gestão de saúde?

Na prática lidamos com a doença. No caso da Tuberculose por ter questões sociais muito fortes, temos que ampliar olhar sobre a forma de enxergar o indivíduo para além da doença. Daí a importância do olhar externo somado ao olhar interno, onde a teoria e prática se complementam nos possibilitando planejar ações e pautar prioridades que direcione para agenda política do município.

3. De que forma projetos como este podem ser utilizados para preparar as equipes para atender determinados agravos, como no exemplo deste estudo, a tuberculose?

O projeto vem colaborar nos nossos anseios que são de buscar cada vez mais a melhoria da nossa qualidade nos serviços para a população. Estamos trabalhando desde 2011, com as equipes da Atenção Básica, através das   rodas de monitoramento das Ações de Controle da Tuberculose, indicadores operacionais e epidemiológicos de forma a possibilitar o entendimento do dado e da importância da informação que tem o objetivo de traçar ações factíveis que possibilite mudanças epidemiológicas da tuberculose no território. Neste sentido trabalharmos o monitoramento das ações desenvolvidas e pactuadas com as equipes na perspectiva de aprimorar o processo de avaliação.

O Programa de Tuberculose tem possibilitado a abertura do campo de pesquisa em nosso município, por entendermos a necessidade da aproximação com a academia. No entanto, entendemos a importância da devolutiva das informações referentes ao campo de estudo, por permitir que os resultados apresentados contribuam nas intervenções dos processos de trabalho das equipes, e mesmo a gestão.

O Comperj colocou os holofotes sobre a região e especificamente sobre Itaboraí, nunca se experimentou algo de tamanha natureza. Sendo a tuberculose uma doença que atinge em sua maioria  pessoas vulneráveis social e economicamente, ter “informações da população de forma sistematizada, aprimorar a qualidade da informação, integrar bancos de dados, e ainda realizar o monitoramento analítico do quadro de morbidade do município” é oportunizar aos profissionais de saúde que conheçam o que envolve o problema de saúde, suas necessidades e a rede de saúde do município, de forma a buscar estratégias de intervenções intersetoriais, entendendo  que saúde não vai dar conta da tuberculose,  precisamos envolver outros atores. Não é só a doença que o doente traz. Ele traz a sua história, suas relações sociais, econômicas, culturais, além do seu sofrimento e temos de estar preparados para compreender a realidade.

 

Entrevista com:

3 Comentário

  1. Assim como a Tuberculose, a AIDS tem que ser vista desta forma ampliada. Parabéns a Maria José e à equipe do Programa de Combate à Tuberculose do município de Itaboraí.

  2. Parabéns a Zezé e toda sua equipe pelo trabalho realizado neste município. Obrigada pelo comprometimento de vocês com a questão!
    Abraços!

  3. Parabéns a Zezé e toda equipe do programa da tuberculose de Itaboraí. Me sinto privilegiada em fazer parte dessa maravilhosa turma!! A união faz a força!!!

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