Mídias sociais e Ciência uma relação cada vez mais natural

Átila Iamarino durante o Seminário realizado no Rio de Janeiro/ Imagem: Eventos SciElo

As iniquidades de acesso a informações e conhecimentos são das mais perversas, pois potencializam todas as demais, inclusive as iniquidades em saúde, uma vez que, prejudicam a atuação individual e coletiva dos membros de uma sociedade para a mudança de estruturas, comportamentos e políticas. Assim, a diminuição dessas iniquidades deve por si só contribuir para a diminuição das iniquidades em saúde. Na medida em que as redes sociais baseadas em tecnologias de informação permitem ampliar o acesso à informação por parte de grupos excluídos dos processos de tomada de decisões de qualquer tipo, trazem como consequência o “empoderamento” desses grupos, aumentando seu conhecimento dos problemas, inclusive aqueles que afetam sua saúde, e fortalecendo sua participação nas ações sociais. Com a expansão do acesso à internet e o uso de rede sociais em crescimento no Brasil a disseminação de informação científica pela web tem sido cada vez mais utilizada e eficaz. Não só a troca de conteúdo através da disponibilização de artigos na web, mas a criação de grupos de pesquisadores, o uso de blogs para comunicação e a divulgação de notas via Twitter e Facebook dinamizam o fluxo de produção científica, agrupam indivíduos interessados em um mesmo tema e tornam mais fácil a divulgação de resultados pesquisas e a ampliação de seu alcance.

A discussão sobre estas questões foi promovida no Seminário de Introdução ao Uso de Redes Sociais na Comunicação Científica, realizado em duas edições: no dia 21, no Green Place Hotel, em São Paulo e no dia 22, no Centro Brasileiro Pesquisas Físicas, em Botafogo, zona Sul do Rio de Janeiro. A iniciativa foi uma parceria entre SciELO/Fapesp e a Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz.

As palestras foram realizadas por Abel L. Packer, coordenador do Programa SciELO/Fapesp e do biólogo e blogueiro Atila Iamarino, que é Gerente da comunidade ScienceBlogs Brasil. Durante sua apresentação Átila destacou o dinamismo e a mudança nas ferramentas das redes sociais, lembrando a importância da correta disseminação do conteúdo de artigos científicos. “As redes sociais que conhecemos atualmente não são como eram um ano atrás. Elas mudam segundo a própria demanda daqueles que a utilizam”, destacou Átila. Ainda segundo ele o espaço para conteúdos científicos na grande mídia é cada vez menor, por isso a internet é uma via importante para publicação de matérias e artigos de saúde e ciência. Outra questão debatida pelo pesquisador e blogueiro, foi a disseminação de informação incorreta no acelerado mundo virtual. “Já ocorreu de uma informação ser traduzida com conteúdo incorreto e pesquisando encontrei o mesmo erro multiplicado em diversos sites diferentes” exemplificou.

Abel Packer destacou que, apesar da importância das redes sociais nos dias de hoje, a participação ainda é pequena no campo científico. “Este espaço é mais presente nas nossas vidas atualmente, mas ainda é muito incipiente no Brasil. Devemos estimular que as publicações, revistas, livros sejam interconectados a elas. Existe uma demanda para que se melhore o impacto da comunicação científica”, analisou. Abel Packer reforçou ainda a importância do uso das redes sociais como ferramenta de modernização dos periódicos. “O SciELO vem tratando de criar mecanismos de maior autoconfiança. A participação nas redes sociais é crucial para tornar os periódicos mais contemporâneos”, disse ele.

Átila Iamarino acredita que o papel das redes sociais é crescente no que diz respeito à disseminação correta de informações de saúde para o grande público. “Acho que o papel das redes sociais é grande principalmente por ser a fonte mais intuitiva de informação para o grande público. A forma mais comum de procurarem informação é repetir o que fazem na vida real, perguntar na web, seja em redes socais ou locais como o Yahoo! respostas. Mesmo aqueles que usam o Google o fazem como se ele fosse um consultor. Perguntas do tipo “o que é gripe?” ou “como sei se estou com gripe?”, são os termos de busca que mais mandam visitantes para meus textos sobre vírus”, citou. Ele destacou ainda o hábito da troca de informações entre contatos e a necessidade da compreensão dos meio utilizados hoje pelo grande público para que se divulgue informação de forma correta e com grande extensão. “Acredito que as pessoas cada vez mais vão procurar pela informação entre os contatos, e dentro da rede que já usam para acessar a web, como Facebook e afins, daí a importância de se comunicar com o público dentro do meio que estão usando, para ter um grande alcance”, concluiu.

 

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