Tema 2: Há um consenso e um discurso generalizado a favor das vantagens da participação. E na prática?

Como foi destacado em Alma-Ata, a participação é fundamental para avançar na melhoria da saúde e, é também um direito essencial. Há um consenso sobre suas múltiplas vantagens e há um discurso generalizado a favor da participação. Por que, então, é tão lento seu progresso na prática?

Entre os obstáculos se encontram a visão reducionista tecnocrática da saúde, a existência de uma cultura organizacional formalista de corte burocrático, a subestimação do potencial das comunidades para participar e, finalmente, a resistência a delegar poder real a estas comunidades.

Estes obstáculos podem ser enfrentados, mas, para isso deve haver mudanças como capacitar aos que deveriam implementar a participação, criar uma institucionalidade para apoiá-la, preparar as comunidades e investir em participação. Um ponto central para o sucesso é mobilizar e empoderar as organizações das comunidades pobres.

São muito estimulantes os resultados das experiências genuínas de participação em saúde. Mostram também como a própria experiência de participar fortalece e permite aprofundar crescentemente o processo de participação.

Não se pode seguir adiando a colocação deste tema no centro da agenda de saúde, num mundo onde as pessoas exigem massivamente que sua voz seja escutada e realmente levada em conta.

Entrevista com:

2 Comentário

  1. Professor Kliksberg, eu gostaria de acrescentar um outro fator. Aqui no Brasil a falta de vontade política também representa um obstáculo para o desenvolvimento do controle social; há políticos que ainda não entendem a relevância desse princípio para fortalecimento da democracia.

  2. Além da participação efetiva do contexto democrático da comunidade como agente transformador das desigualdades e melhoria da qualidade do atendimento prestado, vale salientar que o envolvimento dos profissionais e técnicos desta área podem contribuir para esta democratização. Eles podem realmente em sua visão macro perceber as necessidades com embasamento teórico/prático a partir das solicitações das comunidades fazer com que as políticas públicas de saúde saiam do papel. Comunidade e Profissionais envolvidos em benefício comum para uma sociedade mais humanizada e palpável.

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