Em 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) iniciou o segundo ano da campanha global Unidos para Acabar com a Tuberculose (United to End TB, em inglês), uma das dez maiores causas de morte em todo o mundo, com 10 milhões de novos casos notificados por ano, levando mais de um milhão de pessoas a óbito. Nos últimos anos, a preocupação com esses números elevados fez com que a OMS redefinisse a classificação de países prioritários para o período de 2016 a 2020. Três são as listas prioritárias, definidas segundo os critérios epidemiológicos: carga de tuberculose; tuberculose multidrogarresistente; e coinfecção TB/HIV. O Brasil, que ainda permanece entre os 20 países que apresentam mais casos da doença, encontra-se em duas dessas listas, ocupando a 20ª posição na classificação de carga da doença e a 19ª quanto à coinfecção TB/HIV. Em depoimento ao Informe ENSP, o médico pneumologista Hermano Castro, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, destacou o necessário investimento na infraestrutura urbana e o combate à pobreza como fatores ímpares no controle da tuberculose.
O último relatório do Ministério da Saúde, divulgado em 2016, aponta que no Brasil, apesar do número de casos ter sido reduzido em cerca de 20% nos últimos 10 anos (passando de 38,7 casos/100 mil habitantes em 2006 para 30,9 casos/100 mil habitantes em 2015), ainda são notificados aproximadamente 70 mil casos novos de tuberculose e ocorrem 4,5 mil mortes em decorrência da doença. Diante desses números preocupantes, o Brasil ainda precisa de mais ações de combate à doença para auxiliar a meta da OMS, que é reduzir, no mundo, o número absoluto de mortes por tuberculose em 35% e de contágios em 20% até 2020, com relação aos números de 2015. O objetivo para 2030 é diminuir em 90% a quantidade de mortos por tuberculose e em 80% os infectados.
A luta contra a doença na Fiocruz não é recente. No último ano, a Fundação participou da campanha Unidos para Acabar com a Tuberculose da OMS e, em 2017, na semana do Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24/3), o Castelo Mourisco estará iluminado novamente para marcar a necessidade de refletir sobre formas de prevenção contra a doença. A cor vermelha, associada à Luta Contra a Tuberculose, remonta a uma decisão da International Union Against Tuberculosis and Lung Diseases (The Union), que padronizou a representação gráfica da cruz dupla em vermelho com fundo amarelo, utilizada desde 1920.
A atual campanha da OMS tem como foco ações para o combater o estigma, a discriminação, a marginalização e as barreiras de acesso aos tratamentos contra a doença. Somada a essa luta, em 2017, a Fundação também está apoiando a campanha Mais alto que a Tuberculose (Louder than TB, em inglês) da Aliança Global de Desenvolvimento de Drogas para Tuberculose – Aliança TB (Global Alliance for TB Drug Development – TB Alliance, em inglês), organização internacional sem fins lucrativos com sede em Nova York. Desde 2010, a Fundação é uma das instituições-membro da Aliança TB, que busca curas mais eficientes, rápidas e acessíveis para a doença. A campanha apoiada reúne as principais organizações dos setores público e privado e da mídia para aumentar o conhecimento sobre a tuberculose e melhorar a conscientização global sobre a doença e dos custos de ignorá-la. Confira o último relatório anual da Aliança TB.
Desde 2015, como resposta a necessidade de combate à doença, a Fiocruz criou o Programa Integrado de Pesquisa, Ensino e Desenvolvimento Tecnológico em Tuberculose e Outras Micobacterioses (Fio-TB) na instituição. A iniciativa visa manter uma ampla rede para o combate à doença. O Fio-TB prevê atuação da Fiocruz em todas as frentes de combate à doença: prevenção, diagnóstico, tratamento, formação de recursos humanos e mobilização social. Na área de diagnóstico, a meta do Programa é ousada: obter autonomia nacional para diagnósticos de tuberculose ativa e latente. Para prevenção, são realizados estudos epidemiológicos e modelagem sobre os determinantes sociais e ambientais da doença, e na formação de recursos, há previsão de novos cursos de pós-graduação lato e stricto senso.
No especial desenvolvido pela Agência Fiocruz de Notícias, durante a semana do Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24/3), serão divulgados os principais estudos e as ações que têm sido realizados pela Fundação na luta contra a tuberculose. O leitor encontrará novidades sobre o tema, indicações de livros da Editora Fiocruz, programas do Canal Saúde, vídeos da VídeoSaúde Distribuidora da Fiocruz, links úteis, além de informações básicas sobre a doença, como sintomas, tratamento e prevenção, no glossário da AFN. A tuberculose tem cura e o tratamento é gratuito e disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: Seção especial destaca ações da Fiocruz na luta contra a tuberculose. Rio de Janeiro: Informe Ensp; 2017 Mar 24. [acesso em 28 mar 2017]. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/41489
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