Coberturas vacinais estão em queda desde 2015. Professor da Faculdade de Medicina avalia os riscos de deixar de se vacinar
Enquanto o país vive a expectativa de mais doses de vacinas contra a covid-19, a imunização contra outras doenças já previstas no calendário segue abaixo da meta. Segundo dados do Ministério da Saúde, referentes a outubro de 2020, apenas 63,88% dos brasileiros se vacinaram contra a BCG (que protege contra formas graves da tuberculose) e 68,46%, contra o rotavírus humano (uma das principais causas de diarreia grave em lactentes e crianças jovens).
A pasta ainda apontou que a maior cobertura vacinal de 2020 até a divulgação dos dados foi a Pneumocócica, com 71,98%. Se comparado ao ano anterior, houve uma diminuição de 16,61 pontos percentuais da vacinação. Em 2019, a meta não foi atingida e ficou na casa dos 80%.
Durante a divulgação dos dados, o Ministério da Saúde admitiu preocupação com a situação vacinal do Brasil e ressaltou que, entre as 15 vacinas do calendário infantil, metade não bate as metas desde 2015. Para o médico infectologista e professor do Departamento da Faculdade de Medicina da UFMG, Enio Pietra Pedroso, a imunização é fundamental para o controle de doenças. Ele aponta, ainda, possíveis causas para a queda nos índices.
“É preciso estabelecer comunicação, informação e conhecimento para que todos tenham condição de ajuizar corretamente o valor essencial para a saúde das vacinas e o desenvolvimento de novas formas de proteção humana contra doenças imunopreviníveis”
Pandemia
Também a pandemia do coronavírus tem papel importante na redução da vacinação. Essa é uma tendência mundial: medidas de prevenção ao coronavírus afetaram o sistema de vacinação em pelo menos 68 países, deixando cerca de 80 milhões de crianças menores de um ano em risco de contrair doenças que podem ser evitadas por vacinas, segundo pesquisa realizada em 82 países pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Enio Pietra Pedroso comenta a interferência da covid-19:
O grande perigo da baixa vacinação é o retorno de doenças que estavam erradicadas no país. É o caso da poliomielite. Em 1994, o Brasil recebeu o certificado da eliminação da doença em território nacional. Mas, como a cobertura vacinal vem ficando abaixo da meta desde 2015, o risco de retorno da doença é alto.
O professor Enio Pietra alerta para possíveis epidemias de doenças que podem ser evitadas pelas vacinas:
Pacto coletivo
Além de evitar que o indivíduo fique doente, ao se vacinar, também contribui para o controle de doenças em toda a sociedade. Ou seja, quanto mais pessoas se vacinam, menos o agente causador de doenças circula e menos pessoas se infectam.
O professor Enio Pietra comenta como a vacina nos protege:
Por Faculdade de Medicina UFMG . 26/01/2021
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