CEPI DSS E LabMep apresentam metodologia de monitoramento da tuberculose em Itaboraí

Autor da metodologia apresenta projeto na ENSP/Foto: Virgínia Damas/ENSP/Fiocruz
Autor da metodologia apresenta projeto na ENSP/Foto: Virgínia Damas/ENSP/Fiocruz

No dia 9 de junho o Centro de Estudos Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde (CEPI DSS) e o Laboratório de Monitoramento de Grandes Empreendimentos (LabMep) promoveram o evento Iniquidades em saúde e populações vulneráveis para apresentar a Metodologia para análise das iniquidades em saúde relacionadas às populações vulneráveis na área do município de Itaboraí, desenvolvida pelo pesquisador Pedro Alves Filho. O projeto, iniciado em 2014, consiste na realização de um estudo de campo que se baseia na análise dos quadros de vulnerabilidade social através de dados de órgãos oficiais, como no caso do IBGE, que informam renda, escolaridade e local de moradia e permitem a geração de uma base de informações sobre condições sociais. A ideia foi a de configurar um sistema de métricas, que tornasse possível identificar de forma detalhada onde determinados agravos de saúde se estabelecem em maioria e quais fatores sociais estão ligados a eles.

Patrícia Tavares Ribeiro e Alberto Pellegrini Filho falaram sobre o trabalho do CEPI DSS e o desenvolvimentdo campo dos DSS/ Foto: Virgínia Damas/ENSP/Fiocruz
Patrícia Tavares Ribeiro e Alberto Pellegrini Filho falaram sobre o trabalho do CEPI DSS e o desenvolvimento do campo dos DSS/ Foto: Virgínia Damas/ENSP/Fiocruz

A coordenadora do Centro de Estudos Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saúde (CEPI DSS), Patrícia Tavares Ribeiro, abriu o seminário destacando a parceria entre o CEPI e o LabMep. Ela falou sobre a atuação do Centro na articulação de iniciativas de promoção, capacitação e avaliação de práticas públicas orientadas à equidade. Patrícia ressaltou ainda a importância da atuação do Centro na programação e organização das Conferências Regionais sobre DSS, cuja primeira edição, realizada em Recife em setembro de 2013. “É uma experiência riquíssima, um aprendizado imenso”. Por fim, destacando o trabalho que vem sendo realizado em parceria com o LabMep no município de Itaboraí, lembrou que é uma iniciativa pioneira do CEPI, que começa a desenvolver atividades relacionadas à temática dos DSS no território local.

O pesquisador Luciano Toledo elencou as atividades do LabMep, ressaltando o envolvimento da Fiocruz com a necessidade de resposta aos problemas sanitários no entorno de grandes empreendimentos. O pesquisador lembrou que desde a atuação de Oswaldo Cruz sobre este tipo de questão com o advento da rodovia Madeira Mamoré já havia este comprometimento. “Eu e Paulo Sabroza começamos a ressaltar a necessidade de se fazer monitoramento no entorno de grandes empreendimentos em 2007, 2008. Hoje se vê a necessidade de fazê-lo.

Luciano Toledo falou sobre o monitoramento no entorno do Comperj/ /Foto: Virgínia Damas/ENSP/Fiocruz
Luciano Toledo falou sobre o monitoramento no entorno do Comperj/ /Foto: Virgínia Damas/ENSP/Fiocruz

Muitas mudanças ocorreram. Na verdade, hoje, os impactos sociais e sanitários e as ampliações das iniquidades não se dão no momento da concentração de investimentos, mas a interrupção desse projeto é muito mais perversa. Hoje a questão colocada no centro do debate é o que estamos vivendo. Os processos de arrocho estão trazendo fortes impactos negativos. Quero trazer esta questão como mais uma a ser discutida. É algo muito preocupante”.

Alberto Pellegrini Filho, ex-coordenador e fundador do CEPI DSS, que iniciou o projeto ao lado de Pedro Alves Filho destacou o trabalho do Centro, iniciado em 2006. “Em nossos processos de produção científica, quando se fala em Determinantes, temos muito o que rever. Creio que, como acontece agora aqui com este projeto em Itaboraí, tem que haver debates e diálogo durante o desenvolvimento. O processo de produção científica nesta área é um desafio. Com relação a metodologia aqui apresentada, alguns trabalhos como o da Lisiane que também irá se apresentar aqui são bons exemplos. Ela fez um mapeamento da tuberculose em Porto Alegre, que teve implicações para intervenção da Secretaria Municipal de Saúde para o controle da doença. Também temos exemplos de Belo Horizonte e São Paulo, com iniciativas semelhantes, sempre com a preocupação de relacionar indicadores com as condições de vida e resultados de Saúde. Aqui no Rio temos o trabalho do LabMep”, destacou ele. “A oportunidade para estruturar esta metodologia em Itaboraí se deu através do trabalho que já vinha sendo feito na escola e foi realizado com apoio da SGEP que liberou os recursos e viabilizou o projeto”, concluiu Pellegrini.

“Este projeto é fruto de uma parceria do LabMep e do CEPI DSS. Quando ingressei no pós-doutorado, através do plano Brasil sem Miséria, bebemos de várias fontes e estudos muito interessantes. A ideia era a de poder mapear as iniquidades e começamos com a tuberculose”, ressaltou Pedro Alves Filho, autor do estudo apresentado durante o evento. Segundo ele, a ideia era aplicar uma metodologia e identificar iniquidades em saúde através de um modelo próprio no entorno do Comperj. “O objetivo específico foi criar uma compilação de indicadores, os indicadores sintéticos que chamamos de IVS (Indicadores de Vulnerabilidade Social) aplicando uma metodologia que indicasse, através de variáveis, a ocorrência e distribuição das principais doenças transmissíveis correlacionadas”, explicou.

Anselmo Romão, geógrafo responsável pela estruturação da parte de georreferenciamento da pesquisa explicou que o processo é muito utilizado hoje, mesmo através de mecanismos como o Google e do programa Excel. De acordo com o pesquisador, que iniciou o estudo durante sua passagem pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e hoje atua no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fiocruz (ICICT), foram utilizados os sistemas livres Vcon Saga (Vigilância e Controle), desenvolvido na UFRJ, que é um software livre e permitiu auxiliar na localização dos casos de tuberculose, e o Galileo (software comercializado que tem licença gratuita por período determinado de tempo) que permitiu geocodificação dos dados. 

 

Entrevista com:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*