No Brasil, índice de miséria entre os afrodescendentes chega à média de 22%, valor duas vezes maior que entre os brancos (10%). Pobreza extrema afeta indígenas seis vezes mais do que o restante da população. Desigualdades também são observadas no acesso a educação.
Em relatório divulgado na terça-feira (1), a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) alerta que indígenas, negros e mulheres estão mais vulneráveis ao desemprego e à pobreza em países latino-americanos.
No Brasil, índice de miséria entre os afrodescendentes chega à média de 22%, valor duas vezes maior que entre os brancos (10%).
A pesquisa do organismo regional identifica o que chama de “eixos estruturantes” da desigualdade social, como gênero e aspectos étnico-raciais.
Com base em dados de 2014 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CEPAL calculou que a porcentagem de indígenas brasileiros vivendo em situação de pobreza extrema — 18% — é seis vezes maior do que a proporção verificada no restante da população do país. Entre os negros, a taxa é menor (6%), mas representa o dobro do índice de indigência entre os brancos.
As disparidades atravessam outros níveis de renda. No Brasil, 49% dos indígenas e 33% dos afrodescendentes pertencem à quinta parte mais pobre da população. Vinte e quatro porcento dos indivíduos brancos estão entre os 20% mais ricos da sociedade. O valor é três vezes maior do que a participação dos negros (8%) e dos indígenas (7%) nesse grupo mais abastado.
As desigualdades nacionais acompanham padrões regionais, segundo a CEPAL. Em média, na América Latina 37% dos indígenas e 34% dos negros fazem parte dos 20% mais pobres e taxa de participação desses grupos nas camadas mais ricas equivale a aproximadamente metade dos índices calculados para os brancos.
Renda, emprego e qualificação
Considerando a faixa etária dos 15 aos 29 anos, a pesquisa revela que, no Brasil, homens brancos enfrentam um índice de desemprego de 9,9%, ao passo que entre mulheres negras a taxa atinge 19,4%, mesmo a média de escolaridade variando apenas 0,2 ano entre os dois grupos — de 9,8 entre o público branco masculino e para 9,6 entre mulheres afrodescendentes.
Mesmo quando mulheres brasileiras permanecem mais tempo na educação formal — como é o caso das mulheres brancas, que se qualificam por um período estimado em 10,6 anos —, a desocupação permanece mais alta entre o público feminino jovem, chegando a 14,6%. Os dados utilizados para a análise são de 2014.
Na América Latina, a proporção de mulheres negras e brancas que dependem de transferência de renda é quase a mesma — 27% e 26% respectivamente. Os homens, em ambos os casos, dependem menos dessa via — 14% do público masculino dos dois segmentos.
Avaliando a população empregada do Brasil, Equador, Peru e Uruguai, a CEPAL descobriu que a escolaridade média dos brancos empregados — 9,4 anos — é significativamente mais elevada que a de afrodescendentes — 7,1 anos.
A população indígena também aparece particularmente vulnerável à falta de acesso a educação. Cerca de 20% dos jovens indígenas latino-americanos de 12 a 17 anos não frequentam a escola. A proporção cai para cerca da metade, quando analisada a população branca.
A CEPAL estima que no Brasil, Colômbia, Nicarágua e Panamá, menos de 5% dos jovens indígenas do meio rural, com idade de 20 a 29 anos, possuem 13 ou mais anos de estudo.
Acesse o relatório na íntegra aqui.
Fonte: Indígenas, negros e mulheres são mais afetados por pobreza e desemprego no Brasil, diz CEPAL. ONU Brasil; 2016 Nov 02. [acesso em 04 nov 2016]. Disponível em: https://nacoesunidas.org/indigenas-negros-e-mulheres-sao-mais-afetados-por-pobreza-e-desemprego-no-brasil-diz-cepal/
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